Acusado pela Vaza Jato neste domingo de vender uma palestra em 2016 a um grupo privado e não a informar ao TRF4, descumprindo determinação do CNJ,. o ex-juiz Sergio Moro foi às redes sociais e contestou a reportagem, em sua defesa. Mais tarde, a jornalista Mônica Bergamo demonstrou que ele distorceu a reportagem e que ele também não deu transparência a sua palestra.

O ministro Sergio Moro foi às redes sociais, neste domingo, para tentar contestar a nova denúncia da Vaza Jato, sobre uma palestra remunerada que concedeu em 2016 e não declarou, mas acabou se dando mal. Em nova reportagem, a Folha demonstra que Moro tentou enganar a sociedade em sua resposta nas redes sociais. 

“Como a Folha informou, Moro deu a palestra em setembro de 2016 e nunca cumpriu a obrigação de informá-la ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região, embora tenha registrado sua participação em outros eventos externos naquele ano, incluindo palestras. Uma resolução aprovada pelo Conselho Nacional de Justiça em junho de 2016 tornou obrigatório para juízes de todas as instâncias o registro de informações sobre palestras e outros eventos que podem ser classificados como “atividades docentes” pelas normas aplicadas à magistratura. De acordo com a resolução, os juízes têm 30 dias para informar sua participação nos eventos e devem registrar data, assunto, local e entidade responsável pela organização. As normas do CNJ não obrigam os juízes a declarar a remuneração recebida”, informa o texto.

“Ao responder a questionamentos da Folha na sexta-feira (2), o Ministério da Justiça afirmou que a omissão pode ter ocorrido por “puro lapso”, um descuido do então juiz, e observou que o sistema eletrônico criado pelo TRF-4 para o registro das palestras só começou a funcionar em 2017. Questionado sobre o valor do cachê recebido pela palestra, o ministério disse que se tratava de uma ‘questão privada’, mas acrescentou que a maior parte fora doada a seu pedido a uma entidade beneficente, o Pequeno Cotolengo do Paraná, e enviou comprovante de um depósito de R$ 10 mil efetuado pelos organizadores”, aponta ainda o texto.

O problema é que Moro contou meia verdade no twitter, conforme abaixo:


Sergio Moro✔@SF_Moro · 11hDei uma palestra em Novo Hamburgo, em 2016, sobre corrupção. Como condição, foi doado, em 16/09/2016, a meu pedido e pela contratante, 10 mil a entidade beneficente dedicada aos cuidados de pessoas com deficiência (Pequeno Cotolengo).


Sergio Moro✔@SF_MoroFolha de São Paulo vê irregularidade pois a palestra de 2016 não foi registrada na época em cadastro eletrônico no Tribunal (Trf4), embora amplamente divulgada na mídia. Detalhe, o cadastro foi criado depois, em 2017. Pelo jeito, o cadastro é mais importante do que a caridade.
35.1K10:20 AM – Aug 4, 2019Twitter Ads info and privacy

À tarde, Moro voltou a comentar o assunto, acusando a Folha de ter cometido erro na reportagem. Ele não apontou o erro e evitou apresentar novos esclarecimentos. 

“Folha não pode simplesmente reconhecer que errou”, escreveu. “Palestra à luz do dia, doação dos valores à caridade, pessoas com deficiência, valores declarados, cadastro de palestras do Trf4 criado só no ano seguinte, nota de resposta não publicada, nada a esconder.”

O ministro voltou a se manifestar sobre o assunto na noite deste domingo, também via Twitter, ao repetir uma informação que já constava da reportagem.

“Em 2016 não fui totalmente sincero. Escondi a doação à caridade decorrente da palestra, pois achei que poderia soar como inadequada autopromoção. Escusas agora pela revelação, mas preciso dela contra falsos escândalos. Há outras doações, mas os fatos importam mais do que a publicidade”, escreveu Moro.

Mais tarde, a jornalista Mônica Bergamo se manifestou sobre o caso e demonstrou que ele distorceu a reportagem em sua defesa.

Fonte: Brasil 247

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