BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) planeja enviar o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para a posse de seu futuro homólogo na Argentina, o ultraliberal Javier Milei.

Apesar da recente diminuição da tensão com Milei, a equipe de Lula avalia que o presidente brasileiro poderia se expor ao comparecer ao evento, considerando o clima hostil dos apoiadores e a presença de bolsonaristas, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Por outro lado, o Planalto também busca sinalizar, com o envio do chefe da diplomacia brasileira, um gesto de aproximação e cordialidade.

A posse de Milei está marcada para o próximo domingo (10). Diplomatas de ambos os países vinham negociando e tratando nos últimos dias da possibilidade do comparecimento de Lula, especialmente após uma série de sinais do lado argentino.

Após ataques contundentes durante a campanha eleitoral, Milei reduziu o tom nos últimos dias e chegou a mencionar que Lula “seria bem-vindo”. No entanto, o gesto mais significativo foi o envio de sua futura chanceler, Diana Mondino, para um encontro com Mauro Vieira no Palácio do Itamaraty.

Mondino entregou a Vieira uma carta de Milei ao presidente brasileiro na qual o convida para a posse e menciona “trabalho frutífero” e “construção de laços”.

Lula cogitou enviar o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). No entanto, a opção de enviar Mauro Vieira ganhou força, justamente pelo contato já estabelecido entre os dois chanceleres.

Além disso, enviar o vice-presidente para a posse de um adversário na Argentina significaria repetir o que Jair Bolsonaro fez na vitória do atual presidente do país vizinho, Alberto Fernández. Na ocasião, o então presidente enviou o vice Hamilton Mourão.

Em momentos de maior tensão, o governo brasileiro chegou a considerar enviar apenas o embaixador brasileiro em Buenos Aires, Julio Glinternick Bitelli, o que seria interpretado como um gesto hostil pelo Palácio do Planalto, dada a relação histórica entre os dois países.

Durante a campanha, o ultraliberal chegou a afirmar que, se fosse eleito, não se reuniria com o presidente brasileiro, alegando que Lula é corrupto e comunista. Sem apresentar provas, Milei também acusou o petista de tentar interferir no resultado das eleições na Argentina.

Apesar de não ter se manifestado publicamente contra Milei durante a corrida, nos bastidores o governo brasileiro torcia pelo peronista Sergio Massa, ministro e aliado de Fernández, parceiro de Lula que não buscou a reeleição.

Fonte: Notícias ao Minuto

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